
Sistema de busca e salvamento analisado até 22 de Fevereiro
A Inspecção-Geral da Defesa Nacional (IGDN) iniciou ontem os trabalhos de campo para avaliar os procedimentos da Armada e da Força Aérea nas operações de busca e salvamento, soube o DN junto de fontes militares.O anúncio da auditoria - a concluir num prazo de 30 dias - foi feito no passado dia 12 de Janeiro pelo ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, na sequência do naufrágio de uma traineira a meia centena de metros de uma praia junto à Nazaré, a 29 de Dezembro, e do qual resultou a morte de seis pescadores.Um elemento novo, relativamente às operações de socorro naquela manhã, diz respeito à activação do helicóptero EH101 da Força Aérea: uma avaria na fase de verificação dos equipamentos (sensores, radares) e ignição dos três motores obrigou a um atraso de 10 minutos na descolagem do aparelho, revelaram algumas das fontes ao DN. A intervenção da IGDN visa aperfeiçoar o sistema de busca e salvamento existente, nomeadamente reduzindo os tempos de alerta dos meios aéreos. Nesse sentido, a Inspecção-Geral poderá fazer algumas recomendações específicas para melhorar o modelo em vigor.Segundo as fontes, a equipa da IGDN - reforçada com um perito da Força Aérea, coronel Luís Ruivo, e outro da Marinha, capitão-de-mar--e-guerra Jorge Palma (comandante da fragata Corte Real) - terá de concluir os seus trabalhos até ao próximo dia 22 de Fevereiro. Os 10 dias a mais relativamente ao prazo dado pelo ministro deve-se ao procedimento burocrático de notificar a IGDN e de esta nomear a equipa responsável pela análise do sistema de busca e salvamento português.O facto de a tragédia ter ocorrido a poucos metros da praia e à vista desarmada suscitou dúvidas em torno da rapidez de resposta dos meios militares, navais e aéreos, afectos ao sistema de busca e salvamento. Recorde-se que houve um intervalo de cerca de hora e meia entre o primeiro alerta com a posição correcta da traineira (08.25) e a chegada do helicóptero EH101 - com o qual se conseguiu salvar um único pescador - à praia da Légua.Quanto à falha ocorrida na fase de verificação dos aviónicos e motores do helicóptero, as fontes frisaram que é impensável arrancar com um EH101 havendo luzes encarnadas a piscar na cabina de voo. Ao contrário dos velhos Puma, em que uma falha - quase sempre mecânica - poderia ser 'contornada' pelos pilotos, os novos EH101 Merlin são "altamente informatizados". "É a penalização da tecnologia", constatou um dos militares. Por outro lado, com base nas missões já realizadas pelo EH101 desde o naufrágio de 29 de Dezembro (a última das quais no último fim-de-semana, nas Berlengas) e tendo presente o que sucedeu nessa manhã, fontes da Força Aérea observaram ao DN que aqueles helicópteros "precisam mesmo de 45 minutos" para descolar. Só activar os três motores - e quase tudo nos Merlin é em triplicado - exige cinco a sete minutos para cada um, explicaram.Outra fonte admitiu, no entanto, ser possível optimizar os tempos de alerta. "Mas alguém vai ter de pagar", alertou. Colocando de parte a necessidade de mais militares, esse acréscimo de custos resultará da logística exigida para ter os helis num grau de prontidão mais curto - por exemplo, maior consumo de combustível e desgaste do material.De notar que, no Reino Unido, o estado de alerta dos meios aéreos afectos às operações de socorro é de 15 minutos durante o dia - e, acrescentaram as fontes, de 45 minutos no período nocturno (o mesmo tempo que em Portugal).
Fonte e direitos de Imagem: Jornal DN
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